Felicidade

O Galinha do Forró

O cara mais galinha do forró paulistano (auto-declarado) diz: “Eu trocaria todas as minhas ficantes pela mulher que amo”

Alerta às forrozeiras: entrevista com Eduardo Medeiros, 38 anos, um “galinha” assumido, conta seus hábitos e reflexões em um papo íntimo que revela as dores e sombras desse perfil de forrozeiro. Por Deborah Goldemberg

Me disseram que você é o cara mais galinha do forró? É verdade?

Se a definição de ser “galinha” é ficar com uma e ficar com outra na frente, eu concordo. Acontece mesmo. Saio com vários, beijo várias, uma na frente da outra. Não vou com esse intuito, mas acontece. As mulheres querem isso também, principalmente quanto toca um xote. Quando você vê, já está beijando…

Qual a sua técnica?

Não tem técnica. O importante é que nada seja forçado. Quando você percebe uma abertura, dá um cheiro no cangote, cola o rosto, vai chegando perto da boca, entrelaça as mãos. Sussurro fantasias no ouvido delas e vejo que elas gostam. Vão ficando enebriadas, até que eu “bico” (dou um beijo). Quando dá, sugiro conversar um pouquinho “lá fora”. Eu não sou galã, não tenho dinheiro, nem sou malhado. O importante é fazer a mulher se sentir bem, ter assunto, saber conversar e fazer rir. Ela vai se abrindo. Se o cara for no desespero, não adianta.

E a noite seguinte?

Uma curiosidade da galinhagem é que se você fica hoje com uma menina, não tem vontade de ficar amanhã. Mesmo sendo linda, perde o encanto. É a conquista que move. Você pensa, “Já fiquei”. O que move é a novidade. Jamais se repete a menina na galinhagem. Eu sei que perdi pessoas muito legais. Que chego em casa sozinho e, mesmo tendo ficado com tantas meninas, não tenho para quem ligar ou com quem falar, mas… eu sigo.

O que significam essas meninas todas com quem você fica no forró?

Eu gosto do momento. Minha relação é com o momento. Procuro não magoar. Mas, para mim, é a curtição do momento.

Houve um tempo em que você não era assim?

Sim, tinha época que eu ia e voltava sozinho do forró. Perdia o momento do flerte. Ficava nas amizades. Daí, um dia dancei e dancei a acabei beijando. Achei bom. Fui “lá fora” e fiquei conversando e fui entendendo a malícia, que não há em outras danças. Foi assim, até eu virar profissional! (risos) Hoje, é raro eu não ficar. Ou até mais…

Tem sempre mais?

Sim, tem quase sempre mais. Terminar a noite num motel faz parte do ritual do galinha. Quem negar, está mentindo. É o que se quer, em última instância.

Com quantas você já ficou?

Pergunta difícil, viu. Já perdi a conta faz tempo, mas certamente mais de duzentas.

O cara mais galinha do forró já se apaixonou de verdade?

Já. Por uma forrozeira chamada Mônica. Foi bom enquanto durou. Passamos seis meses juntos. No início, ela só dançava comigo e com mais ninguém. Foi a primeira vez que me apaixonei no forró e foi um amor mais forte por isso. Mesmo nós sendo muito diferentes, ela sendo mãe de quatro e eu sendo solteiro e com um filho. Quando ao amor bate, bate mesmo. Daí, ela quis terminar sem motivo. Doeu demais. Ia no forró e a cumprimentava. Dançávamos uma ou outra, mas quando eu via ela dançando com outros e, pior, várias danças seguidas, isso acabava com o meu rolê. Incomodava tanto que eu ia embora. Como dói ver a ex dançando com outro… Nessas horas, é importante dar um tempo de luto.

Você trocaria todas as ficantes por ela que você ainda ama?

Sim, por incrível que pareça. Mesmo fazendo sete meses que nos separamos. Era um encontro de almas.

No fundo, você é um romântico?

A galinhagem é uma máscara. Há fases de galinhagem, em que eu fico com uma, duas, três por noite. Já cheguei a ir no mesmo motel com três mulheres diferentes no mesmo dia. É um ciclo que dura meses. É um vício. Quando estou numa fase galinha eu gasto muita energia e muito dinheiro. É forró todo dia. O vício não para e você mesmo se pergunta, “Até onde isso vai?” E vale dizer que há mulheres assim também, que sofreram por amor e viram galinhas.

E quando pára?

Só para quando você conhece alguém que curte de verdade. Ou, quando você consegue focar no trabalho ou no estudo.

Qual é o seu conselho para moças que não querem cair no “bico” de um galinha de forró?

Não se abrir na dança. Dizer claramente, “Não quero ficar” ou “Vim só para dançar”. Não dar trela. Ou, caso se interesse pela pessoa, dar o contato para marcar algo para depois.

Existe uma solidariedade entre galinhas?

Não! Um não se importa com o outro. Cada um usa de suas artimanhas para suas conquistas e depois, como eles perdem o interesse pela mulher após a conquista, não incomoda um galinha ficar com uma menina que o outro já ficou. Há “loucos” que querem monopolizar as meninas, mas os galinhas não fazem isso. Galinha não respeita galinha, mas tudo bem! Faz parte.

Qual é a sua dica para os galinhas de forró arrependidos?

Tem recuperação. Tudo é a energia. Para mudar, é preciso encontrar algo que capte a sua energia. Ir para outros lugares, para a natureza. Preencher o vazio. Pode até ir ao forró, mas com outra visão. O importante é que tem recuperação.

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