Forró Raiz

J. Miguel. A xilogravura de pai para filho

J. Miguel segue os passos do pai J. Borges e imprime seu talento nas matrizes de xilogravura inspirado por Deus.

Em 1973, a imprensa local destacava 2 meninos de 11 e 12 anos que estavam fazendo xilogravuras na cidade de Bezerros, no agreste de Pernambuco. Os irmãos José Miguel e Jeronimo José ajudavam o pai na pequena oficina gráfica e nas horas vagas se arriscavam na xilogravura. O pai, poeta, artesão e cordelista J. Borges foi considerado o melhor gravador popular pelo escritor Ariano Suassuna e o filho J. Miguel herdou o talento do pai e hoje suas obras estão espalhadas pelo Brasil inteiro e também pelo mundo afora.

Apaixonado por Luiz Gonzaga. Já dançou muito Forró

Nas casas de Forró, não é difícil você encontrar obras do artista nas paredes, até porque o Forró sempre esteve presente nas suas obras. Apaixonado pelas músicas de Luiz Gonzaga, J. Miguel já dançou muito forró e até hoje ainda se arrisca na dança que serve de inspiração para os seus trabalhos. O sanfoneiro, zabumbeiro, triangueiro e os casais dançando sempre juntinhos são constantemente temas do seu trabalho. As xilogravuras de J. Miguel retrata o universo do nordestino, onde o sol castiga e imprime uma dura realidade, mas também uma alegria sem tamanho nas festas recheadas de muito Forró. A cidade onde o artista nasceu e vive até hoje é também palco das festas de São João e do famoso Forró dos Papangus, tradicional festa de Forró de mascarados que acontece no carnaval da cidade de Bezerros, localizada a 107 km da capital Recife.

A paixão pelo pássaro Asa Branca

J. Miguel lembra que seu primeiro trabalho foi o desenho da asa branca, pássaro que indica chuva e por essa razão se tornou um símbolo de esperança para o povo do nordeste. “A gente só consegue ver que ele tem a asa branca quando está voando, é muito bonito e pássaros é o meu fraco. É o que eu mais gosto de fazer”. Essas paixões estão na obra de J. Miguel que já retratou “asa branca sanfoneira”, o pássaro tocando sanfona e outra obra que retrata o Forró dos Papangus que será incorporada pela prefeitura local.

O pai, J. Miguel, cordelista, o levava junta na feira

O artista a todo momento está entalhando algo, as matrizes de xilogravura, feitas geralmente em madeira pinho, levam até 3 dias para ficar pronta, mas J. Miguel diz que ama o seu trabalho e se emociona quando lembra da série de trabalhos com os matutos chegando na feira porque quando o artista estava executando a obra, lembrava dos tempos em que o pai, cordelista, o levava junto na feira para divulgar o trabalho. Os pais de J. Miguel foram os grandes incentivadores da sua carreira e assim o ofício da xilogravura foi passado de pai para filho, e para manter a tradição J. Miguel aponta seu filho Jefferson como futuro sucessor. Diz que o menino atualmente cuida da sua página nas redes sociais e das vendas dos trabalhos, mas diz que o menino já tem algumas xilogravuras com o seu nome.

Miguel diz que Deus é a sua grande inspiração e sempre agradece pela graça que lhe deu, ainda que passe alguns dias apertados, mas este nordestino nunca esquece de agradecer o divino.

https://www.instagram.com/ateliejmiguel/

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