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Entrevista com Rogério “Lobão”

Lobão, segurança da casa de forró Remelexo é um personagem icônico do forró paulistano

Ele trabalha em casas de forró há mais de 20 anos. Não há quem não fique feliz ao revê-lo na porta do Remelexo. Sempre simpático com todos, ele não deixa de garantir a segurança da casa e fazer com que todos se sintam seguros. Nessa entrevista, ele nos conta sobre a sua história no forró.

Quem é o Lobão?

Meu nome é Rogério Lobo, sob nascido em São Paulo, no bairro da Liberdade, mas cresci na Zona Norte, no bairro Lausanne Paulista. Quando era criança, eu sonhava em ser bombeiro ou policial. Me tornei segurança ao acaso, começando a trabalhar no Conjunto Nacional. Até hoje trabalho como segurança numa fábrica de concreto, além do forró. Casado com Patrícia, tem um filho e uma filha com ela – o Guilherme Bruno de Oliveira Lobo, com 20 anos, e a Camila Clara de Oliveira Lobo com 14 anos

Como o forró surgiu na sua vida?

O convite veio do César, que trabalhava com Paulinho (atualmente Canto da Ema) e Magno (atualmente, Remelexo e outras produções). Era 1996 e fui fazer a segurança do meu primeiro forró no bairro da Lapa. Antes de existir o Remelexo da Lapa.

O que você achou quando chegou lá?

Me surpreendi, porque esperava aquele forró que a gente via em novela, estilo “xenhenhém”, algo mais bruto. Mas era um público jovem. Eu gostei logo de cara. Antes, era um trabalho. Depois, o forró virou do coração.

Qual sua história mais engraçada nesses anos?

Foi a história do talarico (ri). Uma moça começou a dançar com um rapaz e logo os dois estavam curtindo. Só que ela era casada e um amigo do marido dela viu e ligou para avisar o que estava acontecendo. Não deu outra – o marido deu as caras no forró. Foi preciso esconder o amante, tirar ele pela porta de trás e colocar num taxi escondido. Nisso, o rapaz entrou em estado de pânico, porque não sabia que a moça era casada e nem imaginava o risco que corria.

E os momentos mais difíceis?

Confusão por conta de bebida. Acontecia bem mais antigamente. O pessoal vinha em grupos, achando que a bebida não afeta, mas daí esbarra num, pisa do pé do outro, mexe com a mulher do outro e vira briga. Hoje, o público amadureceu. Atualmente, o que incomoda mais é o pessoal do “vaper”, que fuma dentro do salão, mesmo sabendo que não pode. Igual o pessoal que fumava maconha antigamente dentro do salão.

E você dança, Lobão?

Danço. Antigamente eu vinha no forró quando não estava trabalhando. Forró é uma balada que, se eu conhecesse quando estava solteiro, eu viria.

E hoje?

Hoje em dia não, porque minha esposa não gosta de dançar. Ela também anda de mal com o forró porque trabalho todo final de semana…

Você tem um filho de 20 anos. Ele é forrozeiro?

Ele não curte muito. Prefere o funk, como os jovens de hoje. Mas outro dia veio aí e deu uns passinhos.

Como você vê o futuro do forró sudestino?

Acho que a pandemia atrapalhou muito, porque não teve uma renovação do público. Quem mantém as casas de forró são os jovens de antigamente que ainda frequentam, mas muitos se casaram e a vida de casado nem sempre permite. O forró precisa atrair mais jovens.

Que mensagem você daria para a nova geração que ainda não curte o forró.

Que é bom. O forró abraça. É uma dança colada. Também, o forró é um lugar em que todos dançam com todos. Antigamente, tinha um montador de palco que era um cara muito simples, mas que era um grande dançarino. Todas as meninas daqui queriam dançar com ele. Só que quando ele ia no forró do “xenhenhém” ali no Largo da Batata só recebia “não”! Ele contava pra gente. Aqui não tem disso.

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