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Dança. A Poderosa Ferramenta Terapêutica

Especialista em saúde mental corporativa aponta a dança como uma poderosa ferramenta terapêutica na prevenção e tratamento de adoecimentos emocionais e mentais. Entrevista com Lorena Soares, psicóloga e CEO da Amar.elo, empresa dedicada ao bem-estar no mundo corporativo.

Forró, Fonte da Felicidade, baseia-se em 4 pilares fundamentais: música, dança, saúde física e saúde mental. Nossa abordagem em relação à saúde mental vai além dos benefícios que a dança proporciona. Nosso objetivo, em saúde mental, é entender como as pessoas lidam com os desafios da nossa era e indicar caminhos para uma vida saudável. Queremos integrar a dança de Forró nesse contexto, e para isso, tivemos a oportunidade de entrevistar Lorena Soares, psicóloga e CEO da Amar.elo, uma empresa especializada em programas de bem-estar no ambiente de trabalho.

Como a dança pode beneficiar as pessoas?

De um modo geral, a atividade física é indicada como uma aliada na prevenção e até mesmo uma soma no tratamento de adoecimentos emocionais e mentais. A dança, especificamente, desempenha um papel vital na promoção da saúde mental, por permitir a expressão de emoções, reduzir o estresse e a ansiedade, promover a liberação de endorfinas, melhorando o humor e a sensação de bem-estar. Além disso, a dança estimula a conexão social, proporcionando um senso de pertencimento e apoio emocional. Praticar dança regularmente também melhora a autoestima e a autoconfiança, contribuindo para uma mente mais equilibrada e saudável. Em suma, a dança é uma poderosa ferramenta terapêutica.

A dança a dois, mais especificamente a dança de salão, em especial o forró pé de serra, traz muitos benefícios. Você pode comentar alguns deles?

Destacaria a interação social e a conexão emocional com o parceiro, que também reduzem o estresse e o sentimento de solidão, por exemplo. Além disso, a prática constante melhora a concentração e coordenação, estimulando a mente e combatendo a ansiedade. A sensação de superar desafios coreográficos aumenta a autoestima, gerando uma sensação de realização e satisfação pessoal. Em resumo, a dança de salão é uma atividade terapêutica que melhora a saúde mental de maneira alegre e harmoniosa.        

No forró, é possível você encontrar desde doutores até pessoas que não concluíram o ensino médio. Alguns apontam a socialização como o maior benefício. Qual a importância da socialização nos dias de hoje, onde a depressão aumentou consideravelmente?

Interagir com amigos, familiares e colegas promove apoio emocional e compartilhamento de experiências, ajudando a combater o isolamento e a solidão. Estabelecer conexões interpessoais fortalece a resiliência mental e oferece uma rede de apoio para lidar com os desafios emocionais. A socialização ativa a liberação de substâncias químicas do bem-estar no cérebro, reduzindo os sintomas da depressão. Portanto, fomentar relações sociais é fundamental para enfrentar o aumento dessa condição mental.

Além da socialização, a troca de energias, a conexão real com o outro, como você vê a introdução de aulas de dança no ambiente corporativo?

Acredito que todos os benefícios que se têm com a dança podem ser aplicados sim ao ambiente corporativo, e penso que cada vez mais as empresas estarão abertas a iniciativas que contribuam para tornar o local de trabalho mais equilibrado emocionalmente. Com a dança, há a oportunidade de se proporcionar aprendizado de trabalhar em sincronicidade com o outro, além do compartilhamento e a troca. E mais, o ganho da melhoria do humor e das relações interpessoais entre colegas de trabalho, principalmente se houver trocas nos pares de dança, possibilitando também novas conexões. 

Considerando que passamos por uma terrível pandemia, estamos numa guerra e enfrentamos crise após crise, como está a saúde mental das pessoas? E no ambiente corporativo? Como está a saúde mental do trabalhador?

Estamos ainda sentindo o impacto de tudo que vivemos nos últimos anos, e os dados mostram que há motivos para uma intervenção imediata, seja no âmbito pessoal ou corporativo. Os dados da OMS  (Organização Mundial da Saúde) asseguram que o Brasil é o país mais ansioso do mundo e que depressão e ansiedade custam US$ 1 trilhão por ano à economia global em perda de produtividade. Outra informação é que alguns dos principais fatores de risco para a saúde mental dos trabalhadores são assédio e bullying, além de excesso de trabalho, jornadas inflexíveis e medo do desemprego. 

Importante destacar que não existe uma receita para cuidar da saúde mental, cada empresa vai fazer isso de acordo com a sua cultura. Mas é importante que o tema seja tratado de forma estrutural dentro da empresa. Se o olhar for estratégico, todos os setores vão permear essa temática. Ainda temos muito a crescer nesse sentido e a maturidade das empresas para isso é muito pequena. Trabalhar as lideranças é primordial. Eles estão em uma situação delicada, são o recheio do sanduíche, são apertados por todos os lados: de um lado a própria chefia e do outro os seus colaboradores. Por fim, e muito importante, é que cada colaborador pode se colocar como uma rede de apoio. Se um ajudar o outro, a gente consegue força até que a empresa consiga trabalhar a questão.

Na dança a dois, existe o líder e o liderado. Em alguns casos, a condução se alterna. O quanto um líder de uma empresa pode se beneficiar com essa atividade e o que ele pode aprender praticando dança a dois?

Ter a possibilidade de se colocar no lugar do outro é uma riqueza imensa que a dança apresenta e que pode servir de reflexão para o ambiente corporativo, onde cada um exerce papéis diferentes, mas juntos são importantes para o bom andamento e resultados dos negócios.  

O quanto o home office beneficiou os trabalhadores?

Acredito que ainda é cedo para fazer uma análise sobre o impacto do home office, porque por um lado temos visto os benefícios de ganho de tempo, produtividade, mas há também desafios, como a dificuldade que as empresas podem enfrentar no que diz respeito ao engajamento e ao próprio cuidado com o colaborador, que está mais distante. 

As doenças mentais surgem devido a uma somatória de fatores como estresse, ansiedade, preocupação, medo e alta pressão. E tudo isso pode acontecer, mesmo em empresas mais flexíveis, que adotam o home office, por exemplo. É necessário que as organizações tenham um olhar de atenção com os profissionais, implementando políticas internas ligadas à saúde mental do colaborador e criando um ambiente psicologicamente seguro, que surge como uma solução para combater a psicofobia, ou seja, o preconceito que se tem contra pessoas que sofrem algum transtorno ou adoecimento mental.

O que é a Síndrome de Burnout? Quais são os principais problemas de saúde do trabalhador, além da Síndrome de Burnout?

Incorporada à lista de doenças ocupacionais reconhecidas pela OMS desde janeiro de 2022, a Síndrome de Burnout é um conjunto de sintomas, sempre ligados ao trabalho: é um esgotamento profissional que pode levar o indivíduo a ter mudanças de humor, irritabilidade, perca de memória, pessimismo, baixa autoestima, dificuldade de concentração, isolamento e em casos mais graves, pode gerar um gatilho para o suicídio. A enxaqueca, pressão alta, dor de cabeça, dores no corpo, insônia, além de vários outros sintomas físicos que podem variar de pessoa para pessoa. É importante que o diagnóstico seja dado por um médico, e não pela própria pessoa. 

Entre 2020 e 2022, houve um aumento de mais de 72% nas ações trabalhistas motivadas por Burnout, e de mais de 30% nos afastamentos causados por transtornos mentais. 

Qual a área de atuação da Amar.elo e quais são os três pilares?

A Amar.elo Saúde Mental trabalha levando programas de bem-estar emocional para o ambiente corporativo. Criada em setembro de 2021, como uma spin-off do Grupo Nosso Lar Saúde Mental, a empresa tem o objetivo de se tornar uma plataforma de referência no cuidado à saúde mental em todo o país. Além disso, conta com atuação de um conselho consultivo, formado por profissionais da saúde, RH, gestão corporativa, comunicação e tecnologia, que são responsáveis por auxiliar na visão de negócios da marca. 

A Amar.elo adapta seu programa à realidade das empresas, modulando de acordo com a necessidade, mas baseado em três pilares, sendo o primeiro focado em educação, com programas e eventos de educação e conscientização; o segundo na análise emocional da organização; e o terceiro no cuidado através da psicoterapia on-line. 

Para compor estes pilares, a startup desenvolveu workshops personalizados, rodas de conversas, primeiros cuidados em saúde mental para empresas e lideranças, práticas em gerenciamento de estresse, entre outros produtos. 

Nós entregamos uma plataforma completa e auxiliamos o Recursos Humanos das empresas a aplicá-no no negócio, com um passo a passo que vai desde as boas-vindas, passando por alinhamento com o RH, integração dos colaboradores, relatório de uso mensal, teste de saúde emocional e reunião trimestral para avaliação de resultados e alinhamento estratégico. 

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